Ciranda Escola em Barão Geraldo

Frustração, maltrata ou educa??

24/10/2017 Frustração, maltrata ou educa??“Eu não vou ficar aqui!”; “Já decidi que quero agora!”; “Agora já chega!”; “Vamos embora agora!”. Essas são falas que ouvimos com frequência em nosso cotidiano. O que chama a atenção é o fato de todas elas virem das crianças para os pais, e não o contrário. 

Pois é isso mesmo, estamos vivenciando uma total inversão de posições. As crianças estão autoritárias, donas das próprias vontades e também das de seus pais. O querer por querer é esperado e intrínseco no mundo dos pequenos, eles se esforçam para conquistar seus desejos, mesmo que através de imposições. Essa atitude faz parte da própria fase do desenvolvimento infantil, existe, portanto, a necessidade dos adultos, principalmente os pais, assumirem o comando.

Não são desprezíveis as consequências quando a criança consegue se manter no controle da situação.

A criança aprende através das ações, das suas interações com o meio, objetos e pessoas. Os pais são os personagens mais importantes neste processo. Pois é através deles, que as crianças constroem os essenciais valores da vida. Mesmo sem querer ou saber, os pais são modelos para seus filhos.

A própria imaturidade infantil exige a presença efetiva e protetora do adulto. Mas o que encontramos, com frequência, são pais confusos, que deixam de ser adultos e assumem o papel de criança. Esses estão se sentindo inseguros e, consequentemente, permissivos, ocasionando que as crianças vivam sob as próprias decisões, o que é prejudicial à saúde emocional delas.

A criança precisa e tem o direito a cuidados físicos e emocionais. Ela não pode ficar à mercê das próprias vontades. Não tem maturidade para isso, depende integralmente dos pais para que possa se desenvolver, se inserir na sociedade e se tornar um cidadão.

Absolutamente, não é sozinha, no comando de suas ações, que ocorrerá o processo de desenvolvimento cognitivo, emocional, físico e moral.

Por esse motivo temos hoje um grande número de pessoas de 15 à 25 anos que vivem na mesma faixa de desenvolvimento emocional. São dependentes, inseguras, indecisas, imaturas e frágeis. Características esperadas para os adolescentes de 15 anos, mas não para “adultos” de 25 anos.

Quando perguntamos aos pais, o que almejam para o futuro dos seus filhos, ouvimos muitas coisas boas: felicidade, autonomia, criatividade, realização, amor, etc. E quando perguntamos como podemos conduzi-las para que esses objetivos sejam alcançados, aparece: amor, carinho, amizade, educação, tolerância, perseverança, entre outros. Muito bem, se é claro para todos qual o caminho a seguir, o que é que está em desacordo, impedindo tais conquistas?

Existe um esforço real por parte dos pais, em buscar respostas e soluções. Percebemos a importância que dão aos filhos, o amor imenso e a constante preocupação. Recorrem a livros, especialistas, palestras, são verdadeiramente preocupados e merecem todo nosso respeito. 

Para auxiliá-los nessa árdua tarefa de educar os pequenos, vamos identificar um dos principais fatores responsáveis pela situação de inversões de papéis, a CULPA. 

Os pais sentem uma enorme culpa por se dividirem entre o papel profissional e o familiar. Devemos tirá-la dos ombros e jogá-la para bem longe. Sem dúvida alguma, a qualidade na relação com os seus filhos é o que mais importa, e não a quantidade. Sem esse sentimento de culpa, os pais conseguirão, naturalmente, exercer a autoridade de pais. Conseguirão ser firmes, dizer não e assim ensinar as crianças que elas conseguem suportar frustrações. O que é um importantíssimo ponto, pois a aceitação da frustração é fundamental para que a criança se torne um ser flexível, característica relevante na construção de um cidadão feliz.

Vale ressaltar que educar exige conhecimento e muito estudo. Assim, orientamos que cada pai procure a escola de seu filho para se informar junto às educadoras, as atitudes certas a tomar, pois do bebê à criança de 6 anos existe muita diferença, e as interações precisam ser coerentes com a faixa etária. Sem essa adequação à idade, todo o esforço será em vão.

Respondendo ao título, a frustração adequada educa e muito.
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